Conheça Zé Conheça Zé

Conheça Zé


O policial que rezou a novena de Dona Canô

José Mário Silva Lima. Uma criança nascida de pais juazeirenses. Jovem apaixonado por Caetano. Uma música antiga de Agenor Ribeiro diz que “garoto abandonado na Bahia é capitão de areia”. E quando o garoto cresce? O nosso José rezou a novena de Dona Canô e foi parar na Escola Técnica. Seu nome é nome de poesia de Drummond: José. Talvez a pergunta que mais tenha feito em seu íntimo foi justamente a pergunta que tornou a poesia do mineiro famosa: e agora, José? Depois da Escola Técnica, viveu ainda o Polo Petroquímico, a Faculdade de Economia da UFBA, a Faculdade de Direito da UEFS, o Tribunal de Contas dos Municípios, a docência na UNEB e Polícia Federal. Na Polícia Federal, se envolveu com a greve de 2012, mostrando que ainda guardava o capitão de areia dentro de si. Acabou virando presidente do sindicato dos policiais federais. Hoje, é candidato a deputado federal pelo PSB. Mas como essa história começa?

O velho Luiz Gonzaga escreveu em uma música: do outro lado do rio tem uma cidade, e na minha mocidade eu visitava todo dia, atravessava a ponte mas, que alegria! Chegava em Juazeiro, Juazeiro da Bahia. Uma história que começa a ser escrita em Juazeiro. Ora, toda história que começa com a Terra das Carrancas e uma criança que toma banho nas margens do Velho Chico é uma história que promete. Juazeiro assistiu os cruzamentos de Daniel Alves ainda quando garoto. Ouviu os primeiros acordes de João Gilberto e a voz de Ivete Sangalo. É verdade, Jesus abençoou com sua mão divina. Os pais de José Mário, ou de Zé Mário, agora que somos íntimos, vieram de Juazeiro. Tem três irmãos: Almir, Paulo e Andréa. Todos eles filhos do senhor José Ferreira e de dona Maria Costa. E a história nos diz que a criança criada por Maria e José tem o destino de brilhar. Não poderia ser diferente. Nosso capitão de areia, crescido em Salvador com a alma de Bethânia e Caetano, ou seja, com toda a baianidade nagô a que tinha direito, não teve uma vida fácil. Zé, já que estamos íntimos, vendeu picolé antes de entrar na Escola Técnica. Quando entrou, sem dinheiro nem pra o uniforme, pediu para os colegas que já estavam saindo uniformes usados. Mas estava disposto a escrever sua história. De lá, trabalhou no Polo Petroquímico e entrou na Faculdade de Economia da UFBA. Conhecedor nato de Schumpeter e orientando do grande economista Fernando Pedrão, Zé Mário formou-se como economista e foi trabalhar no Tribunal de Contas dos Municípios.

Mas alguém com esse nível de conhecimento não pode guardá-lo para si, não é? Por isso, Zé Mário virou professor de Economia da UNEB. Foram sete anos no TCM antes de se tornar professor da UNEB e ficar lá por quatro anos. Mas foi na Polícia Federal que Zé Mário se realizou. Entrou em 2003, um ano após o penta. Dois anos depois, se formou em Direito pela UEFS, sua segunda formação acadêmica. Em 2012, entrou na maior greve da história de Polícia Federal, pleiteando – junto com seus colegas agentes, escrivães e papiloscopistas – uma reestruturação no plano de carreira da instituição e melhoras nas condições de trabalho. Entre março de 2012 e março de 2013, a Polícia Federal viveu um índice de suicídios quase igual a um por mês. A luta de Zé Mário, portanto, foi pela vida dos seus colegas. Uma vida digna. E foi por isso que ao entrar na greve, entrou também no sindicato, na condição de vice-presidente. Em 2017, virou presidente, cargo do qual hoje está licenciado em virtude do pleito eleitoral.

Então, o policial que rezou a novena de Dona Canô resolveu em 2022 alçar mais um voo na sua vida: a candidatura a deputado federal pelo Partido Socialista Brasileiro. Zé Mário, cujo número é 4004, busca construir uma candidatura que seja pautada no eixo daquilo que mais conhece: Segurança Pública. Diferente das candidaturas policiais “comuns”, que são mais afeiçoadas à bancada da bala, que são apegadas à defesa de interesses privados de associações de delegados e oficiais, Zé Mário vai ao Congresso Nacional na luta por uma Segurança Pública que seja pautada por critérios técnico-científicos, fundamentados na vasta literatura que temos hoje sobre diversos temas que são relevantes para a área. Desde o começo da campanha, Zé Mário alerta: a polarização política não pode destruir o país e, acima de tudo, não pode contaminar as instituições policiais. Um democrata, ligado ao pensamento nacional-desenvolvimentista que mais remonta aos tempos de Brizola e aos escritos de Maria da Conceição Tavares, Zé Mário se utiliza também dos conhecimentos de Economia e do Direito para construir o seu programa de campanha, que pode ser facilmente encontrado nas suas redes sociais, como o Facebook e o Instagram. Suas principais pautas? Carreira Única, Ciclo Completo de Polícia, Desmilitarização, rígido controle sobre o porte de arma e implementação efetiva do Sistema Único de Segurança Pública. Essa é a história do nosso capitão de areia que virou policial federal, e que hoje, candidato a deputado federal, busca construir um Brasil mais justo e uma Bahia mais forte.